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As perdas da alienação parental são irreparáveis para todos
A separação conjugal traz sofrimento a todos os envolvidos, principalmente às crianças. Mesmo quando o término da relação é benéfico para o casal e para os filhos, inicialmente a dor é inevitável.
Ao longo da pandemia de Covid-19, os processos de alienação parental dispararam no Brasil. Foram 10.950 ações apenas em 2020 por todo o país, e de acordo com levantamento feito pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça), houve um crescimento de 171% em comparação com 2019. Em 2021, o número de processos caiu pela metade comparando com 2020, voltando a estabilidade.
Vale entender que é nestes processos de separação é que acontecem as disputas pela guarda dos filhos e é durante estas disputas que também podem surgir casos de alienação parental.
Intensidade do trauma
A intensidade do trauma pode, porém, ser atenuada se a perda se limita à relação do casal, não se estendendo a conjugalidade à parentalidade, ou seja, não permitindo que as relações entre pais e filhos sejam afetadas exageradamente pelo desentendimento dos adultos.
Muitos genitores, no entanto, parecem se esquecer da responsabilidade que têm sobre a saúde mental das crianças, usando falsas acusações como vingança e forma de revide, de barganha com questões financeiras e, principalmente, como meio de alienar um dos genitores da relação com o filho. Uma das formas mais graves da alienação parental é a falsa acusação de abuso sexual
Critérios específicos
É importante frisar que a avaliação para este tipo de acusação tem critérios diagnósticos específicos e que em hipótese nenhuma o abuso sexual deve ser apoiado e sempre deve ser considerado como crime. A investigação profunda da personalidade dos envolvidos, do contexto e também histórico da acusação e das relações é fundamental para a determinação da conclusão de uma investigação deste monte.
A própria avaliação da alienação parental possui critérios importantes a serem observados em sua dinâmica. Nem tudo é alienação parental, ou ainda, esta pode ser feita por ambos os lados do litígio. Os profissionais encarregados desse trabalho precisam estar atentos para que a emoção não impeça que as melhores pråticas e o protocolo sejam adotados
Revogação da Lei da Alienação Parental
Vemos hoje um movimento para a revogação da Lei da Alienação Parental, uma lei de proteção ao abuso psicológico vivido por crianças e adolescentes que vivenciam as perdas dos laços de afeto com seus genitores e familiares. A irresponsabilidade e os interesses pessoais de quem se envolve em tal movimento, precisam ser cerceados
Enfim, a lei permaneceu pela proteção aos filhos e pela instrumentalização adequada do Judiciário frente aos litígios familiares. A alienação parental prejudica a todos. O próprio genitor alienador se transforma em prisioneiro de um jogo em que o grande perdedor é exatamente aquele que menos tem recursos para se defender: seu filho. O impacto em cada um – pai, mãe e filhos – e na família como um
todo pode até ser tratado, mas nunca será totalmente superado. As perdas são irreparáveis
Andreia Calçada é psicóloga clínica e jurídica. Assistente técnica em varas de família e criminais e perita do TJRJ. Autora de livros na área jurídica. Professora de capacitação em Perícia Psicológica e temas afins.
Fonte: Sinapsys.news