O debate sobre a limitação do uso de celular nas escolas do Ceará ganhou reforço no iníciodo mês, quando o Ministério Público recomendou a proibição dos aparelhos duranteas aulas. Debate sobre o tema vem ganhando força no País, enquanto especialistas buscam responder se os meios digitais são, de fato, “vilões” do ensino.
Neste sentido, a Procuradoria concedeu um prazo de 30 dias para que Secretaria daEducação do Ceará (Seduc), a Secretaria Municipal da Educação de Fortaleza (SME) e representantes de escolas particulares informem que medidas que serão adotadas. Em caso de descumprimento, o MPCE afirma que irá adotar “providências administrativas ejudiciais cabíveis”.
Iniciativa ocorre no momento em que o Brasil começa a dar sinalizações mais severascontra o uso de celulares em sala de aula. Em ação semelhante à do Ceará, o Ministério Público da Bahia recomendou que a cidade de Pilão Arcado restringisse o uso de aparelhospara fins pedagógicos.
Já a Prefeitura do Rio de Janeiro foi além ao proibir por meio de decreto a utilização decelulares em escolas municipais. As medidas seguem orientação de estudos como oRelatório Global de Monitoramento da Educação 2023, da Organização das Nações Unidaspara a Educação (Unesco).
O documento aponta que o uso do celular em sala de aula pode distrair os alunos e afastá-lo das atividades pedagógicas. Além disso, o material indica que o ambiente escolar é umlugar de socialização e que a utilização em excesso das telas pode atrapalhar esse processo.
Proibição de celulares em sala de aula: o que dizem osespecialistas?
Para Andreia Calçada, psicóloga clínica e jurídica, a medida sugerida pelo MPCE é umacerto. A profissional pontua que o celular distrai e leva alunos a perderem o foco noque está sendo ensinado, destacando que o aparelho pode criar um vínculo vicioso —principalmente em crianças.
“Sala de aula não é lugar para ver vídeo do TikTok, entrar em redes sociais e trocarmensagens de WhatsApp” afirma a especialista.
Calçada entende que “só pode ser utilizado o celular se ele for um suporte para pesquisaem um determinado momento, se o professor permitir que os alunos pesquisem algo nomomento”. Para ela, o importante é dar esse limite e “toda escola deveria fazer isso”.
“O celular vicia, e mais em algumas crianças do que em outras. Às vezes, crianças maisfrágeis e com dificuldade de ter apoio familiar, crianças que precisam de validação externaou que possuem necessidade de projetar fantasias sobre si mesmas, ficam mais dependentes do celular”, complementa a psicóloga.